Após anos acumulando livros, objetos, coleções e todo tipo de lembranças adquiridas mundo afora, cresce, principalmente nas grandes cidades, o hábito do desapego. Cada vez mais, as pessoas têm entendido que não há mais tempo, espaço e até energia para se gastar com coisas que não têm função. A opção por um estilo de vida mais simples, que prioriza apenas o essencial, reflete um momento onde a busca pela leveza torna-se um alívio, um conforto para a rotina pesada e estressante. Nesse sentido, espaços mais vazios não necessariamente significam lares menos calorosos. A ideia é justamente o oposto: pensar em lares mais afetivos, que priorizem o convívio e menos engessados em antigos hábitos.
Quem admira e tenta adotar esse estilo de decoração, busca na limpeza visual e até mesmo no vazio, uma tranquilidade ou refúgio em contraponto ao caos e ao excesso de informação. Mais que decoração, o minimalismo pode refletir um estilo de vida para alguns, no qual a qualidade, em todos os sentidos, está acima da quantidade.
Para quem trabalha com decoração, o maior desafio é deixar o ambiente funcional, agradável e aconchegante, usando poucos elementos. A seleção do que entra na casa e do que permanece, é muito mais criteriosa. Mais que descartar os excessos, os itens que ficam devem ter função, qualidade e apelo estético.
Entre todos os estilos de decoração, o minimalismo é o que mais valoriza a luz natural. A iluminação precisa invadir a casa por completo. Por essa razão, grandes vãos são necessários, além de cores claras e neutras na estrutura. Cortinas e persianas serão sempre com tecidos finos e com muita transparência, o que garante leveza ao ambiente.
A simplicidade desse estilo começa na escolha das cores. O branco é a cor principal e ela quase sempre é a base de um ambiente minimalista. Não se trata de uma preferência apenas estética, essa cor funciona muito bem como difusor de luz natural. Outros tons neutros como off-white, bege, cinza e até mesmo o preto são bem-vindos na hora de compor a paleta de cores.
A estrutura “limpa”, ou seja, sem molduras, adereços ou itens decorativos, é uma das características mais marcantes do estilo minimalista. Espaços fluidos, simples, com revestimentos e superfícies lisas e cores neutras devem conter apenas o que for essencial e funcional. Para que o resultado seja um ambiente aconchegante, é indicado que cores e materiais contenham acabamento fosco e a presença da madeira natural. As texturas agradáveis ao toque aquecem o ambiente. Trabalhar com contrastes entre o branco e as demais cores também um artifício simples que deixa a estrutura bastante interessante sem comprometer o estilo.
Aqui a regra do “menos é mais” deve ser seguida à risca. Comece com o que é estritamente funcional e primordial, mas sempre lembrando de respeitar a amplitude, o vazio e a fluidez do espaço. Mais que um ambiente limpo, é no momento da seleção desses móveis que a decoração mínima e tranquilizadora é definida.
O que for apenas item de decoração, sem real função, deve ser repensado e escolhido pontualmente levando em consideração o valor estético ou afetivo. Mesmo que muito do que ganhamos ou compramos tenha um valor ou lembrança afetiva, o filtro para o que fica deve ser rígido. E, em último caso, os armários podem acomodar na parte interna aquilo que tem valor sentimental, mas que não precisa ficar à mostra ou que não segue a linguagem minimal mood.
O surgimento e a proliferação das organizers é mais que um capricho e refletem essa transição entre espaços menores e excessos que eram permitidos em outras épocas. Ou seja, atualmente nem todo imóvel tem espaço para despejo (o “quarto da bagunça”) e, por isso, a organização é tão importante para os admiradores do estilo minimalista. Ela é bem criteriosa e apenas os itens que têm função, qualidade e beleza permanecem. Deste modo, a limpeza visual resulta em ambiente livre de excessos, organizado e harmônico.
Texto readaptado Fonte: Revista Casa e Jardim